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Artigo – Vítimas da Palavra – Charlie Hebdo: Je ne suis pas Charlie

Escrito por  Christian Mirkos Santos Pereira, OAB/SC nº 12.238[1]

No poema”A Morte Chega Cedo”[2], Fernando Pessoa ensina:

A Morte Chega Cedo

 A morte chega cedo,

Pois breve é toda vida

O instante é o arremedo

De uma coisa perdida.

 

O amor foi começado,

O ideal não acabou,

E quem tenha alcançado

Não sabe o que alcançou.

 

E tudo isto a morte

Risca por não estar certo

No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.

 

Eu não sou Charlie Hebdo ou, como queiram, Je ne suis pas Charlie. Não tenho o talento, os traços, a coragem, a biografia, o humor, a perspicácia, nada do que lhe sobejava eu tenho.

Imerso em mediocridades e açodado pelo trabalho, resta-me lamentar a porta arrombada da redação francesa. Ao chutarem-na, os estúpidos e infames, acertaram-me em cheio.

Mas, ao serem caladas aquelas doze vozes, outras tantas milhões passaram a gritar. Justamente os que dantes murmuravam no canto escuro da crítica anônima, agora vociferam em defesa do direito de discordar.

Não sou Charlie, triste constatação, mas, sou Christian, sou brasileiro, sou advogado e sou livre.

Livre!

E você, quem é?

 


[1] Bacharel em direito pela Universidade do Vale do Itajaí e autor do livro “Um Pai Criminalista”, da Ed. CEITEC; militante da advocacia criminal.

[2] in Cancioneiro.

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